Introdução
As negociações envolvendo veículos financiados são uma das áreas mais complexas no relacionamento entre consumidores e instituições financeiras. A aquisição de veículos por meio de financiamento se tornou uma prática amplamente utilizada no Brasil. No entanto, dificuldades financeiras podem surgir, resultando em inadimplência e possíveis conflitos com as financeiras. Para evitar a perda do veículo ou a negativação do nome, existem várias possibilidades de negociação oferecidas pelo ordenamento jurídico.
Neste artigo, exploraremos as principais estratégias de negociação com bancos em contratos de financiamento de veículos. Abordaremos desde a revisão de cláusulas contratuais até a renegociação de parcelas em atraso e a possibilidade de quitação antecipada. Além disso, destacaremos as proteções oferecidas pelo Código de Defesa do Consumidor.
Primeiras Considerações sobre Negociações com Bancos
As negociações financeiras podem ser desafiadoras para alguns, mas com a abordagem correta, é possível obter resultados favoráveis. Manter uma postura estratégica, utilizar argumentos sólidos e, se possível, dispor de recursos financeiros são elementos essenciais para uma negociação bem-sucedida.
Este guia visa esclarecer os principais tipos de acordos que podem ser firmados com instituições financeiras para contratos de financiamento de veículos.
1º Tipo: Quitação do Veículo
A quitação do veículo é uma das opções mais vantajosas para o consumidor. Esse acordo envolve o pagamento à vista do saldo devedor, oferecendo ao consumidor a vantagem de eliminar sua dívida e, possivelmente, negociar um desconto com o banco. Em alguns casos, pode-se parcelar o montante, desde que se faça uma entrada significativa.
As instituições financeiras buscam rapidez na formalização desses acordos. Por isso, o pagamento deve ser realizado rapidamente após a aceitação da proposta, geralmente no mesmo dia ou no seguinte.
2º Tipo: Regularização do Contrato
A regularização do contrato ocorre quando o consumidor quita as parcelas em atraso. Essa solução é ideal para aqueles que enfrentaram dificuldades financeiras temporárias e agora possuem condições de retomar os pagamentos. Regularizar as parcelas evita a continuidade de ações de cobrança, como a busca e apreensão.
No entanto, caso a ação judicial de busca e apreensão já tenha sido iniciada, o pagamento das parcelas atrasadas não resultará automaticamente na extinção do processo.
3º Tipo: Refinanciamento
O refinanciamento é uma alternativa para consumidores que não conseguem manter o pagamento das parcelas. Embora essa opção ofereça o alívio momentâneo nas parcelas mensais, deve ser analisada com cautela, pois tende a aumentar o valor total do financiamento devido à extensão do prazo e à aplicação de juros.
Apesar de ser uma opção viável para quem busca reduzir o valor das parcelas, o refinanciamento pode gerar um aumento significativo do custo final do veículo, comprometendo a saúde financeira do consumidor no longo prazo.
4º Tipo: Entrega Amigável Quitativa
A entrega amigável quitativa é uma solução para quem está em uma situação financeira crítica e percebe que não pode mais manter o financiamento. Nessa modalidade, o consumidor entrega o veículo à instituição financeira e, em troca, o saldo devedor é quitado.
É fundamental que o acordo seja formalizado como “entrega amigável quitativa”, garantindo que, após a devolução do veículo, não haja mais cobranças. A simples “entrega amigável”, sem quitação do saldo, pode resultar na responsabilidade do consumidor por qualquer diferença entre o valor da venda do veículo e o saldo da dívida.
Conclusão
As negociações com instituições financeiras para veículos financiados podem ser conduzidas de diversas formas, dependendo da situação do consumidor. O papel do advogado especializado é essencial na análise detalhada do caso, ajudando a identificar a melhor estratégia, seja ela a quitação, regularização das parcelas, refinanciamento ou entrega amigável quitativa.
A negociação deve ser um processo de troca, onde o consumidor também apresenta suas propostas, buscando um acordo justo e que possibilite o restabelecimento de sua saúde financeira.